BRASiL E O MUNDO
O SABOR
DA ÍNDIA
Uma nação milenar
que vale milhões!
por AROLDO GLOMB
A História nos conta sobre como as grandes navegações,
por volta de 1500, acabaram “descobrindo” a América
– sim, entre aspas mesmo, já que muitas vertentes acreditam
que outros povos já tinham conhecimento deste continente,
tanto que os nativos encontrados aqui foram chamados de
índios! O que mais chama atenção nessa “descoberta” é o
romantismo de terem encontrado as nossas terras por acaso,
na tentativa de traçar uma rota alternativa para as Índias.
Perceba que, desde aqueles tempos remotos, muitos po-
vos já sabiam do potencial comercial daquela região. O que
estou dizendo, na verdade, é que o interesse por aquele país
já existe há séculos, antes mesmo das navegações! Estamos
falando de um país milenar que, ao que tudo indica, já está
mais do que preparado para encarar mais mil anos pela
frente. E a história se renova!
Índia, senhoras e senhores!
Todos sabem que este país é rico culturalmente. Na religião,
então, nem se fala. Até mesmo o cinema indiano é uma marca
forte (procure, quando tiver tempo, sobre a Bollywood),
mas aqui nós vamos fazer raios X em outros campos.
Nos anos de colonização inglesa, o chá (só podia!) era
a marca forte das exportações, mas hoje as vertentes da
Índia são muitas. O país atua com maestria em tecidos,
produtos químicos, alimentos processados e aço, bem co-
mo no setor de maquinaria, equipamentos de transporte,
cimento, alumínio, fertilizantes, mineração, petróleo,
produtos químicos e softwares para computadores (aliás,
a Índia é lembrada por possuir excelentes matemáticos,
inclusive por ter ganhado um prêmio Nobel de Paz em
2006, conquistado por Muhammad Yunus) – cenário
diversificado, assim como na agricultura.
A imensidão de terras férteis é responsável por tri-
go, juta, arroz, cana-de-açúcar, sementes oleaginosas,
batatas, algodão e chá – isso que ainda tem espaço para
a criação de gado, búfalo, ovelha, cabras, aves e peixes.
Um verdadeiro celeiro!
E o negócio não para por aí. O solo deles também é
generoso em recursos naturais. E dá lhe carvão, minério
de ferro, manganês, mica, bauxita, cromita, tório, calcário,
baritina, minério de titânio, diamantes e óleo cru. Tudo
isso estourando aos olhos do mundo a partir da década
de 1990, com a abertura econômica do país.
Até então, tudo era baseado na ideia de que os setores
público e privado deveriam ser complementares. As mu-
danças acabaram por gerar um gigantesco aumento do
investimento do setor privado, seguido de uma inevitável
explosão das exportações e redução das interferências
do poder público em várias áreas. Quem se beneficiou
com essa atitude foi a indústria em geral, assim como os
bancos, com ref lexos nas telecomunicações, na geração
e na distribuição de energia, nos portos e nas estradas.
Entre outras, a Índia tem uma coisa muito interessante:
você sabia que ela é a maior democracia do mundo? Isso se
nós considerarmos o número de eleitores, ao mesmo tempo
em que a sua população só perde para a China (claro), e toda
a população de mais de um bilhão de habitantes está em uma
área geográica menor que a do Brasil – um pouco mais de 3
milhões de km2
contra os nossos mais de 8 milhões!
Um assombro que significa mercado consumidor e
produtivo muito mais forte do que muitos países. Para se
ter uma ideia, Mumbai é a cidade mais populosa, com 16,4
milhões, Kolkata vem em segundo lugar, com 13,2 milhões,
enquanto que Delhi (12,8 milhões) e Chennai (6,6 milhões)
não fazem feio.
Quer comparar para ter uma noção? São Paulo, perto de
Mumbai, em termos de densidade democráica, tem 11,2
milhões de habitantes, distribuídos em uma área de 1.523 km².
Já Mumbai tem quase três vezes menos o tamanho (437 km2)
),
com 16 milhões de pessoas.
Alguém aí sent iu o cheirinho de opor tunidade para ganhos
no ar ou apenas este jornalista aqui? Ah, bom...
Mercado indiano
A crescente economia indiana é animada pelas exportações de
gemas e joias, bem como do rico artesanato, algodão, tecidos e
cereais. Os produtos eletrônicos, químicos e os manufaturados
em couro também representam uma boa parcela do que aquece
o saldo bancário dos indianos! Nunca podemos deixar de lado o
potencial dos minerais, da engenharia, das vestimentas e, claro,
do sotware. Não existem dúvidas de que esse último produto
é a menina dos olhos deles!
Estrelas da importação brasileira da
Índia no início de 2012
Pode até ser que a Índia, dentro dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul), seja mais um concorrente brasileiro do
que um parceiro no cenário mundial, tanto que o que chega
daquelas terras é uma avalanche. No topo da lista estão os
óleos combustíveis (óleo diesel, por exemplo), que teve, neste
início de ano, o valor de mais de US$440 mi lhões exportados
para o Brasil, 49% das exportações deles (no mesmo período
de 2011 o percentual era de 31%).
Da mesma maneira, nós também estamos presentes por
lá. Conira, nas tabelas na página 48, com quais produtos!
O paraíso do call center
Há uma série de TV chamada Outsourced (transmitida no Brasil
pela Warner Channel ) que é uma comédia sobre um americano
que acaba na Índia para ser gerente de uma equipe de cal l center
que foi terceirizada (daí o nome). A série é bem razoável, mas o
tema é atual demais! Sabe quais são as justiicativas que levam
mi lhares de empresas a arrumarem suas mal inhas e migrarem
para a Índia quando o assunto é call center?
Quem nos mostra o caminho é a consultora Andréa Ferrari,
da Conecta Call Center. Ela conversou com a gente e nos deu
a resposta que todos buscam à pergunta: “Por que terceirizar
call center na Índia?”. “A Índia deu um grande passo, bem alto,
no setor de call center, por isso que nos últimos anos ela tem
sido o lar de países mais desenvolvidos, como Austrália, Nova
Zelândia, USA e nações europeias”, explica.
Já dá para perceber que estar antenado com regiões de ponta
é fundamental para o sucesso nesta área, ainda mais quando
o assunto é relacionamento com o cliente. Andréa explica que,
atualmente, mais de 245 mi l indianos atendem l igações dos mais
diversos países, seja para oferecer cartões de créditos, telefones
celulares ou mesmo cobrar contas em atraso. Até algumas
cobranças que podemos receber aqui são feitas por lá!
A lista de vantagens apontadas por Andréa, e que izeram a
empresa entrar de sola por lá, apresenta os seguintes aspectos:
O país possui muita força de t rabalho, com bastante inves-
timento em educação (criaram a cultura dos proissionais
qualiicados, em especial com foco no Call Center).
As diferenças de fuso horário ajudam, já que eles podem
atender os países no regime de 24x7x365 dias.
Tem-se o todo e completo apoio do governo indiano na
implantação de outsourcing e de TI.
Como era de se esperar, há o uso de tecnologia de ponta
e uma infraestrutura de fazer inveja.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
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